As obras de Clarisse Siqueira nos permitem percorrer caminhos e camadas da beleza inerentes à espiritualidade. 
 
Em Gira Girê, a artista nos presenteia com uma continuidade da narrativa de sua obra, onde os planos espirituais são democratizados em uma linguagem visual dinâmica e envolvente. 
 
Nesta exposição o olhar do espectador é conduzido ao movimento, que através do abanar das ventarolas, apontam os múltiplos caminhos da encruza enquanto espaço de libertação para a oportunidade de novas dimensões e sentidos, que reverberam em movimentos circulares e em planos marcados por belas texturas. A circularidade dos ciclos de morte e vida nos convidam às experiências de (re)criação e (re)novação interligadas à energia das pombagiras, ventarolas e saias, imbricadas em uma espiral que pode nos convidar para a ascenção ou submersão.
 
A trajetória visual da exposição nos leva a uma vivência estética e epistemológica bantu, onde o espelho d´água horizontal, também chamado de Kalunga, conecta na mesma linha o mundo dos vivos e dos desencarnados, em diálogo constante. As obras dispostas no eixo vertical, nos levam a momentos de submersão - espaço lúdico da concepção, logo abaixo da linha da Kalunga - e de ascenção - espaço lúdico do amadurecimento, da plenitude e realização logo acima da linha da Kalunga.

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A mostra nos possibilita um salto da caravela e um mergulho em nossa brasilidade, permitindo a libertação e a valorização da vida que nasce das (re)criações em novo território chamado Brasil.

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A artista nos conduz a encruzilhada, como experiência geradora da vida, onde a morte não é o fim e sim, o começo. 

Julia Vidal